“Eu devia ter...”
Normalmente,
o final do ano já nos sugere por si só um momento de reflexão sobre tudo o que
vivemos ao longo do período que se encerra, o que se acentua quando além de um
novo ano, aproxima-se também um início de uma nova fase de nossas vidas. Por
coincidência estou vivendo essa situação, o que me faz ficar, de certa forma,
introspectivo, senão reflexivo.
A
vida me ensinou, porém, que em seu ciclo normal, coisas acabam para que outras
se iniciem. Difícil de aceitar, no entanto, é abrir mão de algo que gostaríamos
ter sempre conosco o que, infelizmente, se opõe ao ritmo natural das coisas.
O
que resta então é guardar no nosso baú de memórias aquilo que nos parece ser
mais valioso: as nossas lembranças. Dentre aquilo que irei guardar com cuidado,
o mais importante será, sem dúvida, os momentos que vivi ao lado das pessoas
por quem tive e tenho tanto carinho. Momentos esses que foram de alegria, em
sua grande maioria. Mas também houve aqueles de cobranças, de broncas, afinal
quem gosta também exige, cobra, repreende quando necessário. Saibam também que
na vida, em alguns momentos, temos que exercer papéis e um deles é o de
orientar, transmitir os conhecimentos que imaginamos possuir, daí em certas
horas, termos que ser aquele que cobra e não o que afaga. No entanto, fiquem
certos que muito também aprendi com vocês, até cheguei a sentir vontade de
voltar à minha adolescência, para poder, de uma forma mais direta, participar
desse mundo de vocês, no qual, algumas vezes, senti-me intruso.
Também
em minhas lembranças, estará o momento em que, diante de todos, eu me despi da
áurea de uma fortaleza inexpugnável. Foi nessa hora que consegui fazer com que
me vissem como alguém igual a vocês e isso, acreditem, não me fez sentir
enfraquecido, pelo contrário, fortaleceu-me pela sinceridade daquele momento.
Agora,
para minha tristeza, vem-me a certeza de que, ao fim desse ciclo, não seremos
mais os mesmos, não teremos mais, num convívio quase que diário, a oportunidade
de nos conhecermos melhor, de estreitarmos nossos laços. Os rumos de nossas
vidas serão distintos, as direções as mais variadas, no entanto, quem sabe, por
um capricho do destino, nossas linhas da vida não se cruzam novamente.
Não sei se é um adeus ou um até logo, porém com
certeza é o momento de dizer a vocês, que para mim, valeu a pena, que o que foi
gravado no disco-rígido da memória não será jamais apagado, nem quando, pela
idade, as lembranças demorarem a ser avivadas. Por isso, não levo lamentos
desse momento, mas a consciência de ter tentado fazer o que de melhor podia ser
feito, entretanto limites todos têm, e eu tenho os meus. Um abraço e adeus...
ou quem sabe um até breve! Boa sorte na nova caminhada.
Professor
Marcelo Macêdo
P.S.: Essa foi uma singela homenagem a uma turma que me deixou imensas saudades, mas com a certeza de poder dizer o quanto valeram aqueles momentos que passamos juntos. Fico muito agradecido a vocês pela oportunidade e a honra de ter sido um de seus professores. Obrigado!
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