sábado, 25 de outubro de 2014

CARTA ABERTA AOS MEUS IRMÃOS BRASILEIROS PAULISTAS

A vida é irônica mesmo. Os paulistas nos criticam tanto, alguns radicais dizem que somos miseráveis devido à seca e ao atraso de nossa região. Quando é agora, eles estão sofrendo com a estiagem, seus reservatórios estão praticamente secos. Já estão usando um tal de "volume morto" - parece já é até o da segunda encarnação - e ouvi dizer, ontem no debate, que o governo paulista estaria lançando um programa social de nome "Meu Banho, Minha Vida" - acho que é brincadeira de época de eleição.
Mas, se nossos irmãos do sul, não, sudeste, precisarem trocar umas ideias conosco sobre o assunto, podemos dar algumas dicas. Em nossa região, por exemplo, também está ocorrendo um período de estiagem, no entanto, temos água em casa regularmente. Como?! Com planejamento!
O esvaziamento dos mananciais do pessoal de São Paulo não se deu do dia para noite, ele foi processual. Sendo um estado e região tão ricos e desenvolvidos, é incrível aceitar que ninguém se deu conta do que estava acontecendo!
Por outro lado, através da internet, fiquei sabendo que a Sabesp(?!) queria anunciar  para a população a necessidade de racionamento, contudo, não sei que autoridade, pensando em não causar pânico na população, proibiu. Pode parecer que não, mas seja lá quem foi que não permitiu a propagação da notícia de um eventual colapso dos reservatórios estava certo. Já imaginou, numa região de mais ou menos 15 milhões de habitantes  como a da grande São Paulo, o caos que uma notícia dessas iria provocar. Poderia haver revolta, desespero para os mais emotivos, e isso tinha que ser evitado a qualquer custo. Ora, o clima já estava agitado por conta da eleição, imagina se nesse momento turbulento e decisivo da política paulista uma notícia dessa fosse jogada assim, no meio do povo. A situação iria ficar incontrolável!. Como se já não bastasse o crescimento dos índices de violência que são assustadores! Se eu estiver errado sobre isso, que meus irmãos da "Terra da Garoa" me perdoem, é porque eu assisto ao Datena e ao Marcelo Rezende todos os dias. Como acredito que aquilo que sai na TV é verdade, fico assustado com o que vejo.
Numa coisa, entretanto, os conterrâneos do governador têm em vantagem em relação a outros lugares: a polícia de vocês não brinca em serviço, bobeou eles mandam bala. E tem que ser assim mesmo, "bandido bom, é bandido morto", como, se não tiver enganado, uma jornalista paraibana, que migrou para a "Terra dos Bandeirantes", disse. Esqueço o nome dela - é que é meio complicado o nome da moça, mas é algo que me recorda "As mil e uma noites"!
Voltando ao problema da água não, da falta dela, fico preocupado com a elite paulistana, que mora em bairros como Higienópolis. Como será que eles estão enfrentando a falta d'água na cidade?! Fico preocupados com eles, porque aqueles que moram na periferia já está acostumado com a dureza da vida mesmo, mas as nobres famílias de São Paulo, não. Sei que eles dão um  jeito, quem tem dinheiro não passa aperto!
Porém, meus caros irmãos brasileiros paulistas, ninguém tirará de vocês o título de   ser a "Terra das Oportunidades", pois a cada situação nova vocês dão prova disso. Quem daria vez a um imigrante nordestino chamado de "Francisco Everardo Oliveira Silva", é mais fácil chamá-lo de "TIRIRICA", senão o pessoal daí?!. è incrível como ele passou de palhaço a deputado federal entre os mais votados em duas eleições seguidas. Eh São Paulo, isso é que é um povo acolhedor!  E ele, não sei por que razão, disse a um perspicaz repórter que os seus mais de 1 milhão de eleitores eram "abestados" e , ainda por cima, o ex-palhaço disse que se fosse no Ceará, sua terra natal, ele não teria a menor chance de ser eleito. E não é que ele está certo. Está certo que de vez em quando a gente elege uma "trepeça" dessas, mas não é sempre não!
Queria pedir perdão se cometi algum despautério, é que não sou bem informado e posso ter me enganado sobre alguma coisa. Todavia eu me esforço, não perco uma edição do JN da Globo, sou assinante da Veja e, quando a internet funciona, dou uma olhadinha nos sites G1, no da Folha e no do Estadão. Um dia eu chego lá, por enquanto vou tentando por aqui.
Bem, resolvi escrever esse texto porque minha mulher tem uma parentada lá em São Paulo, em razão disso queria dizer que, durante as eleições, acontece coisas que não deviam, mas depois de amanhã (hoje?!), tudo passa e nós voltamos a nossa vidinha de sempre, afinal somos todos brasileiros e é tudo gente boa mesmo, não é?!
Um abraço.

Marcelo Macêdo

P.S.: Vou confessar uma coisa que pode deixar nossos "manos" chateados, mas eu vou votar na DILMA. Tenho lá meus motivos: meu filho daqui a um ano vai ser um "doutor engenheiro civil", olha que ele nem precisou ir para capital, meu menino está estudando na Universidade Federal de Pernambuco, que tem um campus aqui na cidade; hoje nós temos dois carrinhos, não são novos não, mas dá para ir visitar minha sogra lá na Bahia; eu e minha mulher estamos trabalhando; e se as coisas continuarem mudando para melhor, estamos comprando nossa casinha financiada pela CEF no ano que vem. Desculpa, é porque nossa vida mudou muito, quando meu querido LULA foi presidente por duas vezes e DILMA assumiu o comando do país de pois dele. Porém, numa coisa eu posso "queimar a língua": se LULA não voltar em 2018, já tenho um candidato e é aí da terra de vocês mesmos. É o prefeito FERNANDO HADDAD. O cabra é porreta, está governando com todo o gás. Gostei de ver como ele humanizou o tratamento com o pessoal da "Cracolândia"; achei interessante a ideia do PLANO DIRETOR para a cidade; fiquei interessado pala proposta de um IPTU PROGRESSIVO; sem falar da implantação dos "corredores de ônibus" e das "ciclovias". E, não sei se é verdade", fiquei sabendo que ele pegará a indenização paga pelo banco alemão, referente ao "Maluf", e vai construir creches com esse dinheiro. Pô meu, essa é que uma nova forma de fazer política na prática. Não sei vocês, mas estou começando achar que esse "poste" tem futuro!

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Apenas uma reflexão de um eleitor brasileiro

Nassif,

Li a pouco no site BRASIL 247, uma análise da conjuntura de momento do processo eleitoral assinada por Marco Damiani, da qual discordo, tenho minhas restrições. O título do post era OS 15 DIAS QUE IRÃO DECIDIR O FUTURO POLÍTICO DO PT.  (http://www.brasil247.com/pt/247/poder/156713/Os-15-dias-que-decidir%C3%A3o-o-futuro-do-PT.htm)

Discordo inicialmente do que li, porque ele parte para a análise tendo como base a pesquisa divulgada pelo Instituto Sensus. Quero deixar claro que não discuto a legitimidade da pesquisa, mas a considero totalmente equivocada ao apresentar a eleição como decidida e os números por ela apresentados.

E meu principal ponto de discordância com Damiani é o de ele colocar em xeque o futuro político do PT. Não é o Partido dos Trabalhadores que tem seu futuro ameaçado pelo resultado da eleição presidencial, mas o PSDB.

Explico, lembro a todos os comentários dos especialistas que diziam que, com a possível derrota mais uma vez para o PT, os tucanos estariam fadados a se tornarem o “novo” DEM. Essa imagem ficava ainda mais forte, quando se vislumbrava que Aécio nem chegaria ao segundo turno, sendo derrotado por Marina – não digo PSB, do qual ela só o fez de partido de aluguel, só não entendeu isso quem não quer como, infelizmente, a Srª Campos. 

Por desmando da própria candidata Marina, Aécio conseguiu superá-la e se sobressaiu em São Paulo muito mais por características do eleitorado do estado do que por sua proposta de governo. E é enigmático, se é que se pode dizer isso, o ódio ao PT tido pelos paulistas.

O PT, em contrapartida, derrotou duplamente Aécio em Minas: Pimentel eleito em primeiro turno e Dilma mais votada do que o neto de Tancredo, dentro do reduto eleitoral dele. Outra vitória também marcante foi a obtida por Rui Costa na Bahia, vencendo no primeiro turno e deixando, a meu ver, que o “carlismo”, que aparentava ter ressurgido com a vitória de ACM Neto, parecendo agora mais o “último suspiro de um moribundo” do que qualquer outra coisa.

Além do mais, imaginando que Aécio vença, o mesmo terá uma grande tarefa que é a de provar para o Brasil que o projeto neoliberal capitaneado por Armínio Fraga e referendado por FHC é melhor do que o vivenciado, ao longo desses último 12 anos durante os governos petistas. E aí, para mim, vem um obstáculo intransponível para o tucano: o projeto neoliberal, já experimentado, não contempla a maioria da população. Muito pelo contrário, o governo de Aécio seria o de estar a serviço do mercado financeiro dos mesmos de sempre: uma pequena parte da população ou, por assim dizes, os mais abastados – não os abestados eleitores de TIRIRICA.

O mais preocupante, no entanto, é que com a vitória do tucano, o “quarto poder”, a grande mídia comandada pela Globo, sairia ainda mais fortalecido por ter tido êxito – compreenda-se aqui derrotar o PT - com uma ação muito bem orquestrada pela imprensa brasileira. Esse é o maior perigo para o futuro do país, senão a prova que grande parte da população ainda está sujeita a alienação coletiva produzida pela grande mídia. Em parte, com toda a exploração midiática da morte de Eduardo, o PIG já obteve um grande resultado que foi a vitória de Paulo Câmara em Pernambuco. Que perdoe-me a família da Srª Renata, mas foi a exploração da imagem do ex-governador morto no trágico acidente o maior trunfo eleitoral do PSB-MÌDIA, nessa eleição.

Há um outro ponto na análise de Damiani de que discordo, ele diz “Assim como tem realizações para mostrar, o partido também sabe que sofreu um pesado desgaste nos 12 anos que está passando no poder. A partido nascido e criado para responder ao permanente anseio de crescimento e renovação do País pela maioria da população vai sendo taxado como o velho e o ultrapassado. A resposta a essa acusação não está se mostrando convincente”. Quanto ao desgaste, isso parece ser inerente a quem estiver no governo, excetuando-se aí São Paulo – que um caso digno de uma tese de doutorado -, mas dizer que o PT estaria sendo o retrato do velho e ultrapassado, considero quem poderia ser visto assim não é o partido de DILMA, mas o de Aécio, o PSDB.  Digo isso porque, longe do planalto a 12 anos, os tucanos apresentam agora como solução para um mundo e um Brasil muito diferente daquela da época de FHC, os mesmos nomes , Armínio Fraga é um deles, e basicamente um projeto neoliberal que a crise mundial demonstrou que ele já não corresponde ás necessidades da atualidade. Esse projeto fracassou! Uma outra coisa, considerar Aécio como uma nova liderança é ignorar a disputa interna entre os tucanos paulistas e mineiro, ao longo desse tempo, em quem indicar para concorrer à presidência. O nome do mineiro surgiu pelo desgaste dos nomes de Serra e de Alckmin e de suas seguidas derrotas para os petistas. Dilma sim foi uma novidade lançada na corrida presidencial de 2010 por LULA. Fernando Henrique  e seus correligionários  não conseguiram fazer uma nova liderança ou nome de peso dentro do partido tucano. Portanto, para mim, não é o PT que tem a imagem de velho e ultrapassado.

Podem, então, perguntar se o PSDB vencer será a vitória do “velho” contra o “novo”, discordo, pois há muito mais questões envolvidas nesse pleito do que somente esse ponto.

Não quero, diante de tudo, dizer que uma derrota de DILMA não seria um baque para o PT, porém vislumbro que não seria o fim do partido e de seus ideais, muito pelo contrário, poderia ser a guinada à esquerda que o partido precisava para se fortalecer. E cito uma coisa a qual venho cada vez mais vislumbrando como algo que pode se concretizar em uma boa surpresa: está surgindo uma nova liderança na política nacional, que atende pelo nome de HADDAD.

O surgimento do nome de HADDAD na política nacional requer um cuidado especial com a sua trajetória frente ao governo da capital paulista, que tem de ser muito bem conduzida, dando a mesma uma característica própria, o que pelo que vejo daqui, o petista já vem conseguindo. Ele pode representar o novo tão desejado, principalmente, principalmente pelo eleitorado jovem. E quando você olha para o outro lado – o da oposição – quem poderia ser indicado como o representante do “novo” fazer política: Anastasia em Minas, Geraldo Júlio em Pernambuco... quem? Anastasia não tem nada de novo e versão mais atualizada do jeito tucano de ser. Geraldo o novo Campos, não tem envergadura para isso.

Se LULA com seu apurado senso político ainda não se deu conta disso, é porque agora o que mais importa é reeleger DILMA. Mas, tenho impressão, que a indicação de HADDAD para a prefeitura paulistana foi como um “ENEM”, uma “FACULDADE” em que ele teria de superar e, principalmente, aprender como lidar com o mundo político num âmbito maior do que a de um ministro. Pelo que sei e leio a respeito do prefeito petista, ele já tem meu voto em 2018.

E nesse contexto, Nassif, é que vejo sem um horizonte mais amplo a oposição, quer ela ganhe ou perca a eleição. O PT, se derrotado, perde muito, mas não o rumo que parece, em alguns momentos, ter reencontrado. Já a oposição não consegue enxergar o óbvio: as coisas não são mais como 2002, elas mudaram e radicalmente, em alguns aspectos

Caro Damiani, numa democracia o que mais vale é a discussão com base em argumentos e esses são os meus, sem que com isso esteja ignorando os apresentados por você. Nós, como todos os brasileiros, temos que aprofundar nossas discussões acerca do futuro do país e não fugir dela.

 

Marcelo Macêdo

 


P.S.: Nassif, não poderia deixar de salientar uma coisa, todos nós, que apresentamos uma preocupação com a despolitização do brasileiro, temos uma missão a cumprir. É a de fazer um trabalho árduo, mas necessário que é o de abrirmos cada vez mais espaço para discutirmos política. E isso vale não só para blogueiros “sujos” ou para os que militam nas redes sociais, mas  também para os movimentos sociais, sindicatos ente outros, pois talvez tenha sido esse o principal legado deixado pelos protestos do ano passado. E acredito ser essa realmente a nova forma de fazer política no BRASIL.