Acabei de assistir ao Observatório da Imprensa, com Alberto Dines, abordando o tema Copa do mundo no Brasil. Da edição de hoje, participaram correspondentes estrangeiros que trabalham no Brasil, como o inglês Tim Vickery, o italiano Emiliano Guanella e o alemão Ralf Itzel. O programa buscava identificar a visão dos outros países acerca da organização e realização da copa aqui no Brasil. Desde o início, Dines colocou em análise (para não dizer dúvida) a nossa capacidade de realizar um evento como esse de forma positiva.
Com o ar professoral, cada um dos entrevistados pontuou as falhas de planejamento na execução das obras "para" a copa e, principalmente, o fato de que o brasileiro deixa tudo para a última hora e que faz do "improviso" uma de suas virtudes. Disseram também que, durante os jogos, ocorreriam intempéries - o que seria bastante interessante(?!) - e que, possivelmente, aconteceriam atrasos no início das partidas, o que não deixaria de ser uma coisa normal para nós brasileiros, que já temos isso incorporado ao nosso espectro.
Ouvi, no entanto, uma observação positiva sobre o evento. O jornalista italiano, Guanella, afirmou que a copa era uma forma de apresentar o Brasil ao mundo, fazendo com que se conheça melhor o nosso país e nossas potencialidades, tanto em aspectos turísticos como também em outras áreas de nossa economia. Isso é uma verdade que muitos ignoram por questões meramente mesquinhas de pura politicagem.
entretanto, o que mais me chamou a atenção durante o programa foi ver Dines atuar como um mero e servil mediador, tendo o cuidado de sempre nos deixar em relação de desvantagem em relação às outras nações. Se o comportamento dele não fosse de quem compactuasse com a condição de inferioridade diante dos outros, seria, sem dúvida, uma postura política partidária de sua parte, transformando a edição do Observatório da Imprensa em espaço eleitoral para a oposição ao governo federal. Seja qual for o motivo do comportamento do experiente jornalista brasileiro, o mesmo foi de uma infelicidade desnecessária e que em nada contribuiu para o debate a que se propunha, inicialmente, o programa.
Diante do exposto, é bom inicialmente que tenhamos a consciência de que não somos mais uma "colônia' e que não devemos, portanto, ter uma postura de servidão diante de outros povos. E, sendo assim, somos nós que devemos dar as cartas em situações como essa e não nos postar como mero ouvintes ou simplesmente fazendo coro com o que os outros falam de nós. O BRASIL é grande demais para esse desprezível papel. Além do mais, o momento que vivemos nos permite olhar de cabeça erguida, principalmente, para alguma nações europeias, como a Itália, que está mergulhada em uma grave crise sócio-econômica e também política.
Tampouco cabe a nós o papel de vermos pessoas a analisar como donos da verdade em questões que envolvem, por exemplo, as manifestações como as do ano passado. Não cabe a eles apontar se são ou não justas as reivindicações feitas nas passeatas e nem por quais motivos elas se deram. Em temas locais e bem mais complexos do que se imagina, não se pode fazer apreciações de valor a respeito do mesmos, sem se ter conhecimento de causa para tratar do assunto. Caso contrário seria legítimo questionarmos o custo dos Jogos Olímpicos de Londres 2012, que foram 252% a mais do que se calculou para o evento, ultrapassando em cerca US$ 6,6 de dólares (mais ou menos R$ 13 bilhões de reais)* esse valor inicialmente previsto.
Além disso, já adquirimos maturidade e condições econômicas necessárias para deixarmos de ser subservientes às determinações de nações estrangeiras ou de organismos internacionais. O Brasil não é a Grécia, com todo o respeito que merecem os gregos, principalmente o farmacêutico aposentado Dimitris Christoulas, que se suicidou diante do parlamento em Atenas com um tiro na cabeça. A situação que levou a esse fatídico desfecho foi ocasionado pelo severo pacote econômico imposto pelo FMI e, de sobremaneira, pela primeira-ministra alemã Angela Merkel, como condição básica para que a Grécia recebesse ajuda financeira a fim de poder enfrentar a crise econômica em que o país estava (e ainda está) mergulhado.
O Brasil mudou, queiram ou não queiram, não nos sujeitamos mais a ouvir sermão de presidente americano e ficarmos de cabeça baixa, como ocorreu em 1999 (https://www.youtube.com/watch?v=MeAOen8vyiQ), por estarmos, naquela época, de pires na mão, justificando-nos por nosso fracasso econômico fruto da incompetência de gestão do governo brasileiro daqueles tempos.
A copa começa depois de amanhã e com ela, segundo os entrevistados por Dines, chega ao fim uma era da realização de grandes eventos como esse, pois não se admite mais que uma entidade como a Fifa, envolvida em escândalos de corrupção e de desvio de dinheiro - que o diga o brasileiro Havelange e seu querido genro Ricardo Teixeira -, bem como o COI apareçam como organismos supremos, ditatoriais e donos de eventos que não deveriam pertencer a uma entidade privada que só visa a lucros, mas sim a uma comunidade internacional, já que não deixa de ser um encontro de nações, o que é muito mais importante do que um simples torneio esportivo.
Por fim somos nós que devemos dar um merecido chute no traseiro de um reles dirigente da fifa, como o senhor Jerome Valcke, mostrando a ele quem de fato são os brasileiros e quem na verdade manda nesse país.
Aos que sofrem do "complexo de vira-lata",só resta indicar apenas uma coisa: o divã de um psicanalista!
Salve, salve Brasil!
*http://www.brasil247.com/pt/247/Olimpicos/72091/Duas-vezes-mais-cara-come%C3%A7a-a-Olimp%C3%ADada-de-Londres-menos-2-vezes-mais-cara-come%C3%A7a-Londres-2012.htm
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