Corrupção sinônimo de político mau caráter, algo circunscrito à política. Seria bom que assim o fosse, pois seria mais fácil combatê-la. Mas se corrupção é o efeito, qual seria a causa senão a existência de um CORRUPTOR?! Não há corrupção sem que haja quem corrompa. Eis o problema!
E o grau de corrupção de alguém se mede pelo valor em dinheiro pelo qual ele se deixou vender? A corrupção ao certo também não é uma simples questão de valores. Ledo engano nosso pensar que é assim, as coisas não são tão simples quanto aparentam.
Começo a imaginar o que aconteceria se alguém me parasse no trânsito por eu ter cometido uma infração, atribuindo-me uma multa, o que deveria fazer? Para alguns, é lógico, negociar, afinal para tudo se tem uma solução, para não dizer um jeitinho. Em outro momento, imagino se na escola, na hora da famigerada prova de matemática (ou de português), alguém solicitar uma ajuda de um colega ou, então, dar-lhe uma das resposta da avaliação, também não representaria algo de errado?! Não, diriam os pais diante dos professores: "meu filho não fez isso por maldade, mas por inocência, afinal isso é comum, não é professor? Afinal o senhor nunca colou durante uma prova?!"
Diante de situações como essas presentes em nosso cotidiano, faço-me um questionamento - o que é um delito então? Colar numa prova, oferecer uma "graninha" a um guarda de trânsito é uma infração ou faz parte da cultura brasileira?! Muitos não conseguem relacionar fatos do dia a dia ao que acontece nas assembleias, nas câmaras, no senado... uma vez que em suas dimensões isso não tenha comparação.
Por outro lado, fugindo da definição do que seria corrupção, levanto uma outra questão: existe corrupção sem corruptor? Creio que não, dessa forma qual dos dois tem mais culpa no "cartório"? Os dois, ora!!!
Diante disso, alguns, considerando que corruptos e políticos são a mesma coisa, e sem noção da realidade do que é uma democracia, pregam o fim dos partidos políticos, por acharem que são eles os principais culpados por essa mazela do Brasil. Tolos, digo eu, não são as instituições que fazem as pessoas, são as pessoas que as produzem. O partido é o meio, as pessoas são os agentes.
Se aceitarmos a ideia - a meu ver correta - que a corrupção não é um mal só da política, não é com o fim da representação democrática do povo que nos livraremos do problema. Acredito que isso seja uma questão de cultura, de educação e que começa em casa. A família deve ser o ponto de partida para a mudança do que vemos hoje.
No bojo familiar, um pai (ou mãe!!!) não pode ser incentivador de práticas contrárias a legalidade das coisas e muito menos serem quem acoberta os erros de seus filhos. Até a mais simples das mentiras deve ser evitada, uma vez que a personalidade de um indivíduo se constrói na relação com seus pares. Os membros da família são os mais próximos dos adultos em formação, daí um cuidado maior em questões como essa. Considero que amar é ser tolerante, só que amor não é sinônimo de tolerância a tudo e a qualquer coisa, sempre haverá o limite entre o certo e o errado.
Assim, em meio a protestos contra a corrupção, deveríamos ter um senso de responsabilidade de averiguar se também não somos de alguma forma corruptos, nem que seja em nome do nosso, infelizmente incorporado por muitos, famigerado "jeitinho brasileiro".
A luta contra a corrupção passa a ser não somente uma simples questão de bandeira a ser erguida, porque essa batalha é muito mais uma questão de mudança de atitude, devendo começar a partir do próprio indivíduo que protesta contra ela.
Seria, então, em meio a uma sociedade tão materialista (consumista) quanto a nossa, pensar no fim desse mal como sendo uma utopia? Quem saberia responder?!
Marcelo Macêdo
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