sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

À busca de respostas - I

Teísta? Deísta? Agnóstico? Ignóstico?... São muitos os questionamentos e maior ainda o número de respostas, quando se trata de um tema como a fé. Às vezes a busca por definições nos fazem surgir inúmeros conflitos, por essa razão a crença em "um" DEUS onipotente é uma discussão cada vez mais atual e necessária.

A complexidade começa com os termos utilizados para definir quem tem ou não a FÉ em um DEUS responsável por tudo que existe. Depois, torna-se difícil verificar de fato em qual dos grupos você se enquadraria ou qual deles apresenta características que se aproximem do seu jeito de pensar. Então não se pode reduzir essa análise a uma simples questão semântica, ela é muito mais que isso.

Crer na existência de um DEUS, como sendo o único responsável pela criação do universo, faz de você um TEÍSTA. Mas essa crença, a meu ver, não se pode resumir a conhecer o que há nas escrituras sagradas e sim transformar o que elas revelam de forma efetiva na sua ação de convivência com seus semelhantes e com tudo que existe. Muitos são capazes de citar versículos, senão também capítulos inteiros, dizendo-se servo de DEUS, mas não conseguem superar seu preconceito, sua discriminação em relação às pessoas que não compactuam com sua forma de pensar. 

Entretanto, se você crê na existência de um DEUS, mas não segue nenhuma religião, pois não acredita no que elas apresentam como resposta aos seus anseios, irão taxar-lhe de DEÍSTA. Para você DEUS existiria como sendo o princípio de tudo, todavia ELE não interviria no desenrolar dos acontecimentos. Seria um crente sem religião.

Para ser um AGNÓSTICO, você teria que se enquadrar no grupo daqueles que supõem que não poderíamos provar a existência ou não de DEUS devido aos limites da racionalidade humana, ou seja, não podemos definir que DEUS existe ou não porque somos limitados quantos ao nosso intelecto. Mas aí surge uma variante: você poder ser um AGNÓSTICO TEÍSTA - crê na existência dELE, só que não tem como provar isso -; ou um AGNÓSTICO ATEÍSTA - não acredita que DEUS existe, no entanto não tem como comprovar o que afirma.

Surge então uma possibilidade: você pode ser um IGNÓSTICO, quer dizer, você precisa de uma definição sobre o que seria DEUS, para que possar dizer se ELE existe ou não. Traduzindo: você é daqueles que busca uma definição para o que seria DEUS, a fim de que possa, a partir desse conceito, acreditar ou não em sua existência. É como alguém que tenta encontrar algo, porém necessita saber o que de fato está procurando. Sem isso, você seria incapaz de achar o que busca.

Existem outras variantes sobre a análise da crença em DEUS e outras, com certeza, surgirão. Pois, parece-me que o grande mistério se dá justamente nesse impasse, quando você é cobrado para acreditar em algo do campo metafísico e não do empirístico.

Diante disso, eu me vejo como todos nós, que vivemos em busca de algo que possa provar que estamos certos ou não acerca de nossas conjecturas. Porém, estou certo que esse dilema é algo que persistirá por muito tempo, quem sabe para sempre. Apesar de todas as dúvidas, é com base nessas indagações que parto para minhas análises à procura de respostas para os meus anseios.










terça-feira, 9 de dezembro de 2014

A você, Clara!

Vivi um exemplo, há poucos dias, do que a falta de inspiração pode produzir na composição de um texto. Senti-me, de certa forma, envergonhado em ser seu autor. Questionei-me sobre o mesmo e só encontrei uma resposta: a motivação errada para escrevê-lo. A tristeza, senão a incapacidade de enxergar as coisas como deveria, demonstrada no mesmo, 'se' deu por falar da dor pela perda de alguém querido e não por outros motivos que a vida me deu.
Agora, mais lúcido, vejo que é mais importante celebrar o que se ganha do que mergulhar na melancolia produzida pela saudade. E aí vejo o quanto egoísta e injusto eu fui, ao questionar o que me foi tirado, deixando de lado o agradecimento por aquilo que a vida me presenteou.
Quando jovem, pueril, imaginava, na velhice, ser acalentado por "uma", não, mas cinco filhas. Era esse realmente o meu incipiente desejo! Por que cinco, não me pergunte, pois não creio que saberia responder. O que a vida então me reservou: veio o primeiro filho. Um MENINO! Tristeza, não, surpresa, sim. Explico! No início sentenciou um "médico": é uma garotinha! Às véspera, veio a surpresa: é um menino, vejam! Disse com mais convicção "outro médico". 
Hoje sei que foi a melhor coisa que poderia acontecer na época, quem me provou isso foi o sentimento despertado por ele, meu filho! 
Lá se foram quase dez anos, nem projeto de ampliar a família nós tínhamos mais. Estava certo, parávamos ali mesmo. Só que mais uma vez veio a surpresa: a chegada de outro filho. Inesperado, é a forma mais digna de retratar o que aconteceu. Eu não estava, confesso, preparado para ser pai novamente! 

(...)

A partir daqui, minha filha, quero me dirigir diretamente a você. Queria que me entendesse e, ao mesmo tempo,  você me perdoasse. De início, ao saber que iria ser pai novamente, senti como se fosse eu o primogênito e não o "pai". Ficava imaginando como seu irmão se sentiria com sua chegada: pensaria ele que iria perder o "lugar", que já era dele? Não sei, mas foi esse o primeiro sentimento que me ocorreu. Fiquei preocupado com seu irmão e, me perdoe, terminei sendo egoísta por isso. 

Em abril de 2004, você nasceu. Desde fevereiro, no entanto, eu e sua mãe, além de aguardar a sua chegada, mergulhamos em uma luta para salvar a vida de seu irmão. 

Minha filha, sentimentos mais conturbados tomaram conta de nós dois, eu e sua mãe. Será que você estava vindo, por que Deus estaria levando seu irmão?! Essa insegurança, mesmo tendo explicação na dor, não poderia ser maior do que a alegria de ver você chegando. Filha, me perdoe, naquela hora as sensações se confundiam pela luta inesperada que estávamos vivenciando.

Olha, seu primeiro nome - Maria - foi escolha minha, mas Clara foi sugestão de seu irmão. Daí ficou decidido seu nome seria Maria, por parte de seu pai e Clara, de seu irmão.

A vida, minha filha, não era nada fácil para nós todos. No dia em que você ia para casa, os médicos lhe internaram na UTI. Dois dias depois, sua mãe lutava, em casa, para superar o desafio de ter você na UTI e seu irmão, em outro hospital, internado para dar continuidade à luta pela vida dele.

Foi nesse instante que o desespero, quiçá a revolta, tomou conta de mim e eu questionei o porquê daquilo tudo. O que eu fizera para estar passando por aquela situação junto à sua mãe e ao lado de vocês dois?!

Nessas horas, minha filha, as pessoas nos chegam e dizem que Deus estava nos dando algo porque seríamos capaz de suportar. Mas, por que conosco?! Hoje talvez esteja começando a entender coisas que ignorava, porém ainda não sei que missão Ele nos destinou.

Em meio às idas e vindas aos hospitais, comecei a desfrutar a alegria de ser pai novamente. Talvez você nem lembre de forma consciente, entretanto eu a "colocava" para dormir, dançando suavemente ao som de versos que diziam que você era "Clara como a luz do sol / Clareira luminosa nessa escuridão / Bela como a luz da Lua".  Essa seria a melhor descrição a ser feita da sua chegada!

Mas a vida nos reservava outras "surpresas".

Quando seu irmão terminou o tratamento dele, eu e sua mãe recebemos uma notícia inesperada - o desafio agora dizia respeito a você.

Em meio às lágrimas de sua mãe e ao seu inocente sono, eu falava que se era prova de amor que se esperaria de nós, a partir daquele momento ele seria ainda mais fortalecido. E foi!A partir daquele instante, minha filha, eu comecei aprender que o nosso amor não se reproduz em nós mesmos, mas no outro - desculpa por essa tentativa de filosofar. 

O que se esperar de um pai numa hora dessas? Que ele seja digno de ser chamado de PAI! E se alguma vez me mostrei digno disso, só posso agradecer a você e seu irmão por terem me feito agir assim. Se hoje sou uma pessoa melhor, mas sensível a dor do outro, menos arrogante em achar que já sei o suficiente, menos orgulhoso de aceitar a ajuda de alguém, menos prepotente em achar que os maiores desafios são os meus, devo isso a vocês!

O mundo sabe, minha filha, é injusto para com algumas pessoas. Ele quer que sejamos iguais, quando na verdade somos todos diferentes. E assim, ele despeja todo o seu preconceito, a sua falsa e desprezível piedade. As pessoas só falam em amor, não agem movidos por ele. São hipócritas!

Você, minha filha, é verdadeira em seu afeto, é a superação de todos os limites que lhe impõem. Você é a prova mais viva de que vale à pena insistir, que a verdade não é finita nem se encerra no que se ouve.

Aprendi que não é você que tem que responder às necessidades do mundo, mas é ele que tem que corresponder a você. Não é você que tem que ser a filha que quero, sou eu que tenho que estar à altura de ser seu pai.

Obrigado, minha filha, por você ter dado a mim e a sua mãe a chance de aprendermos tanta coisa com seus exemplos de que não há limites para chegar aonde queremos ir, e por nos dar a oportunidade de sermos seus pais!

Você é especial, não por qualquer outro motivo, mas por você ser "MARIA CLARA"!

Muito obrigado por tudo, MINHA FILHA!

Marcelo Macêdo

sábado, 25 de outubro de 2014

CARTA ABERTA AOS MEUS IRMÃOS BRASILEIROS PAULISTAS

A vida é irônica mesmo. Os paulistas nos criticam tanto, alguns radicais dizem que somos miseráveis devido à seca e ao atraso de nossa região. Quando é agora, eles estão sofrendo com a estiagem, seus reservatórios estão praticamente secos. Já estão usando um tal de "volume morto" - parece já é até o da segunda encarnação - e ouvi dizer, ontem no debate, que o governo paulista estaria lançando um programa social de nome "Meu Banho, Minha Vida" - acho que é brincadeira de época de eleição.
Mas, se nossos irmãos do sul, não, sudeste, precisarem trocar umas ideias conosco sobre o assunto, podemos dar algumas dicas. Em nossa região, por exemplo, também está ocorrendo um período de estiagem, no entanto, temos água em casa regularmente. Como?! Com planejamento!
O esvaziamento dos mananciais do pessoal de São Paulo não se deu do dia para noite, ele foi processual. Sendo um estado e região tão ricos e desenvolvidos, é incrível aceitar que ninguém se deu conta do que estava acontecendo!
Por outro lado, através da internet, fiquei sabendo que a Sabesp(?!) queria anunciar  para a população a necessidade de racionamento, contudo, não sei que autoridade, pensando em não causar pânico na população, proibiu. Pode parecer que não, mas seja lá quem foi que não permitiu a propagação da notícia de um eventual colapso dos reservatórios estava certo. Já imaginou, numa região de mais ou menos 15 milhões de habitantes  como a da grande São Paulo, o caos que uma notícia dessas iria provocar. Poderia haver revolta, desespero para os mais emotivos, e isso tinha que ser evitado a qualquer custo. Ora, o clima já estava agitado por conta da eleição, imagina se nesse momento turbulento e decisivo da política paulista uma notícia dessa fosse jogada assim, no meio do povo. A situação iria ficar incontrolável!. Como se já não bastasse o crescimento dos índices de violência que são assustadores! Se eu estiver errado sobre isso, que meus irmãos da "Terra da Garoa" me perdoem, é porque eu assisto ao Datena e ao Marcelo Rezende todos os dias. Como acredito que aquilo que sai na TV é verdade, fico assustado com o que vejo.
Numa coisa, entretanto, os conterrâneos do governador têm em vantagem em relação a outros lugares: a polícia de vocês não brinca em serviço, bobeou eles mandam bala. E tem que ser assim mesmo, "bandido bom, é bandido morto", como, se não tiver enganado, uma jornalista paraibana, que migrou para a "Terra dos Bandeirantes", disse. Esqueço o nome dela - é que é meio complicado o nome da moça, mas é algo que me recorda "As mil e uma noites"!
Voltando ao problema da água não, da falta dela, fico preocupado com a elite paulistana, que mora em bairros como Higienópolis. Como será que eles estão enfrentando a falta d'água na cidade?! Fico preocupados com eles, porque aqueles que moram na periferia já está acostumado com a dureza da vida mesmo, mas as nobres famílias de São Paulo, não. Sei que eles dão um  jeito, quem tem dinheiro não passa aperto!
Porém, meus caros irmãos brasileiros paulistas, ninguém tirará de vocês o título de   ser a "Terra das Oportunidades", pois a cada situação nova vocês dão prova disso. Quem daria vez a um imigrante nordestino chamado de "Francisco Everardo Oliveira Silva", é mais fácil chamá-lo de "TIRIRICA", senão o pessoal daí?!. è incrível como ele passou de palhaço a deputado federal entre os mais votados em duas eleições seguidas. Eh São Paulo, isso é que é um povo acolhedor!  E ele, não sei por que razão, disse a um perspicaz repórter que os seus mais de 1 milhão de eleitores eram "abestados" e , ainda por cima, o ex-palhaço disse que se fosse no Ceará, sua terra natal, ele não teria a menor chance de ser eleito. E não é que ele está certo. Está certo que de vez em quando a gente elege uma "trepeça" dessas, mas não é sempre não!
Queria pedir perdão se cometi algum despautério, é que não sou bem informado e posso ter me enganado sobre alguma coisa. Todavia eu me esforço, não perco uma edição do JN da Globo, sou assinante da Veja e, quando a internet funciona, dou uma olhadinha nos sites G1, no da Folha e no do Estadão. Um dia eu chego lá, por enquanto vou tentando por aqui.
Bem, resolvi escrever esse texto porque minha mulher tem uma parentada lá em São Paulo, em razão disso queria dizer que, durante as eleições, acontece coisas que não deviam, mas depois de amanhã (hoje?!), tudo passa e nós voltamos a nossa vidinha de sempre, afinal somos todos brasileiros e é tudo gente boa mesmo, não é?!
Um abraço.

Marcelo Macêdo

P.S.: Vou confessar uma coisa que pode deixar nossos "manos" chateados, mas eu vou votar na DILMA. Tenho lá meus motivos: meu filho daqui a um ano vai ser um "doutor engenheiro civil", olha que ele nem precisou ir para capital, meu menino está estudando na Universidade Federal de Pernambuco, que tem um campus aqui na cidade; hoje nós temos dois carrinhos, não são novos não, mas dá para ir visitar minha sogra lá na Bahia; eu e minha mulher estamos trabalhando; e se as coisas continuarem mudando para melhor, estamos comprando nossa casinha financiada pela CEF no ano que vem. Desculpa, é porque nossa vida mudou muito, quando meu querido LULA foi presidente por duas vezes e DILMA assumiu o comando do país de pois dele. Porém, numa coisa eu posso "queimar a língua": se LULA não voltar em 2018, já tenho um candidato e é aí da terra de vocês mesmos. É o prefeito FERNANDO HADDAD. O cabra é porreta, está governando com todo o gás. Gostei de ver como ele humanizou o tratamento com o pessoal da "Cracolândia"; achei interessante a ideia do PLANO DIRETOR para a cidade; fiquei interessado pala proposta de um IPTU PROGRESSIVO; sem falar da implantação dos "corredores de ônibus" e das "ciclovias". E, não sei se é verdade", fiquei sabendo que ele pegará a indenização paga pelo banco alemão, referente ao "Maluf", e vai construir creches com esse dinheiro. Pô meu, essa é que uma nova forma de fazer política na prática. Não sei vocês, mas estou começando achar que esse "poste" tem futuro!

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Apenas uma reflexão de um eleitor brasileiro

Nassif,

Li a pouco no site BRASIL 247, uma análise da conjuntura de momento do processo eleitoral assinada por Marco Damiani, da qual discordo, tenho minhas restrições. O título do post era OS 15 DIAS QUE IRÃO DECIDIR O FUTURO POLÍTICO DO PT.  (http://www.brasil247.com/pt/247/poder/156713/Os-15-dias-que-decidir%C3%A3o-o-futuro-do-PT.htm)

Discordo inicialmente do que li, porque ele parte para a análise tendo como base a pesquisa divulgada pelo Instituto Sensus. Quero deixar claro que não discuto a legitimidade da pesquisa, mas a considero totalmente equivocada ao apresentar a eleição como decidida e os números por ela apresentados.

E meu principal ponto de discordância com Damiani é o de ele colocar em xeque o futuro político do PT. Não é o Partido dos Trabalhadores que tem seu futuro ameaçado pelo resultado da eleição presidencial, mas o PSDB.

Explico, lembro a todos os comentários dos especialistas que diziam que, com a possível derrota mais uma vez para o PT, os tucanos estariam fadados a se tornarem o “novo” DEM. Essa imagem ficava ainda mais forte, quando se vislumbrava que Aécio nem chegaria ao segundo turno, sendo derrotado por Marina – não digo PSB, do qual ela só o fez de partido de aluguel, só não entendeu isso quem não quer como, infelizmente, a Srª Campos. 

Por desmando da própria candidata Marina, Aécio conseguiu superá-la e se sobressaiu em São Paulo muito mais por características do eleitorado do estado do que por sua proposta de governo. E é enigmático, se é que se pode dizer isso, o ódio ao PT tido pelos paulistas.

O PT, em contrapartida, derrotou duplamente Aécio em Minas: Pimentel eleito em primeiro turno e Dilma mais votada do que o neto de Tancredo, dentro do reduto eleitoral dele. Outra vitória também marcante foi a obtida por Rui Costa na Bahia, vencendo no primeiro turno e deixando, a meu ver, que o “carlismo”, que aparentava ter ressurgido com a vitória de ACM Neto, parecendo agora mais o “último suspiro de um moribundo” do que qualquer outra coisa.

Além do mais, imaginando que Aécio vença, o mesmo terá uma grande tarefa que é a de provar para o Brasil que o projeto neoliberal capitaneado por Armínio Fraga e referendado por FHC é melhor do que o vivenciado, ao longo desses último 12 anos durante os governos petistas. E aí, para mim, vem um obstáculo intransponível para o tucano: o projeto neoliberal, já experimentado, não contempla a maioria da população. Muito pelo contrário, o governo de Aécio seria o de estar a serviço do mercado financeiro dos mesmos de sempre: uma pequena parte da população ou, por assim dizes, os mais abastados – não os abestados eleitores de TIRIRICA.

O mais preocupante, no entanto, é que com a vitória do tucano, o “quarto poder”, a grande mídia comandada pela Globo, sairia ainda mais fortalecido por ter tido êxito – compreenda-se aqui derrotar o PT - com uma ação muito bem orquestrada pela imprensa brasileira. Esse é o maior perigo para o futuro do país, senão a prova que grande parte da população ainda está sujeita a alienação coletiva produzida pela grande mídia. Em parte, com toda a exploração midiática da morte de Eduardo, o PIG já obteve um grande resultado que foi a vitória de Paulo Câmara em Pernambuco. Que perdoe-me a família da Srª Renata, mas foi a exploração da imagem do ex-governador morto no trágico acidente o maior trunfo eleitoral do PSB-MÌDIA, nessa eleição.

Há um outro ponto na análise de Damiani de que discordo, ele diz “Assim como tem realizações para mostrar, o partido também sabe que sofreu um pesado desgaste nos 12 anos que está passando no poder. A partido nascido e criado para responder ao permanente anseio de crescimento e renovação do País pela maioria da população vai sendo taxado como o velho e o ultrapassado. A resposta a essa acusação não está se mostrando convincente”. Quanto ao desgaste, isso parece ser inerente a quem estiver no governo, excetuando-se aí São Paulo – que um caso digno de uma tese de doutorado -, mas dizer que o PT estaria sendo o retrato do velho e ultrapassado, considero quem poderia ser visto assim não é o partido de DILMA, mas o de Aécio, o PSDB.  Digo isso porque, longe do planalto a 12 anos, os tucanos apresentam agora como solução para um mundo e um Brasil muito diferente daquela da época de FHC, os mesmos nomes , Armínio Fraga é um deles, e basicamente um projeto neoliberal que a crise mundial demonstrou que ele já não corresponde ás necessidades da atualidade. Esse projeto fracassou! Uma outra coisa, considerar Aécio como uma nova liderança é ignorar a disputa interna entre os tucanos paulistas e mineiro, ao longo desse tempo, em quem indicar para concorrer à presidência. O nome do mineiro surgiu pelo desgaste dos nomes de Serra e de Alckmin e de suas seguidas derrotas para os petistas. Dilma sim foi uma novidade lançada na corrida presidencial de 2010 por LULA. Fernando Henrique  e seus correligionários  não conseguiram fazer uma nova liderança ou nome de peso dentro do partido tucano. Portanto, para mim, não é o PT que tem a imagem de velho e ultrapassado.

Podem, então, perguntar se o PSDB vencer será a vitória do “velho” contra o “novo”, discordo, pois há muito mais questões envolvidas nesse pleito do que somente esse ponto.

Não quero, diante de tudo, dizer que uma derrota de DILMA não seria um baque para o PT, porém vislumbro que não seria o fim do partido e de seus ideais, muito pelo contrário, poderia ser a guinada à esquerda que o partido precisava para se fortalecer. E cito uma coisa a qual venho cada vez mais vislumbrando como algo que pode se concretizar em uma boa surpresa: está surgindo uma nova liderança na política nacional, que atende pelo nome de HADDAD.

O surgimento do nome de HADDAD na política nacional requer um cuidado especial com a sua trajetória frente ao governo da capital paulista, que tem de ser muito bem conduzida, dando a mesma uma característica própria, o que pelo que vejo daqui, o petista já vem conseguindo. Ele pode representar o novo tão desejado, principalmente, principalmente pelo eleitorado jovem. E quando você olha para o outro lado – o da oposição – quem poderia ser indicado como o representante do “novo” fazer política: Anastasia em Minas, Geraldo Júlio em Pernambuco... quem? Anastasia não tem nada de novo e versão mais atualizada do jeito tucano de ser. Geraldo o novo Campos, não tem envergadura para isso.

Se LULA com seu apurado senso político ainda não se deu conta disso, é porque agora o que mais importa é reeleger DILMA. Mas, tenho impressão, que a indicação de HADDAD para a prefeitura paulistana foi como um “ENEM”, uma “FACULDADE” em que ele teria de superar e, principalmente, aprender como lidar com o mundo político num âmbito maior do que a de um ministro. Pelo que sei e leio a respeito do prefeito petista, ele já tem meu voto em 2018.

E nesse contexto, Nassif, é que vejo sem um horizonte mais amplo a oposição, quer ela ganhe ou perca a eleição. O PT, se derrotado, perde muito, mas não o rumo que parece, em alguns momentos, ter reencontrado. Já a oposição não consegue enxergar o óbvio: as coisas não são mais como 2002, elas mudaram e radicalmente, em alguns aspectos

Caro Damiani, numa democracia o que mais vale é a discussão com base em argumentos e esses são os meus, sem que com isso esteja ignorando os apresentados por você. Nós, como todos os brasileiros, temos que aprofundar nossas discussões acerca do futuro do país e não fugir dela.

 

Marcelo Macêdo

 


P.S.: Nassif, não poderia deixar de salientar uma coisa, todos nós, que apresentamos uma preocupação com a despolitização do brasileiro, temos uma missão a cumprir. É a de fazer um trabalho árduo, mas necessário que é o de abrirmos cada vez mais espaço para discutirmos política. E isso vale não só para blogueiros “sujos” ou para os que militam nas redes sociais, mas  também para os movimentos sociais, sindicatos ente outros, pois talvez tenha sido esse o principal legado deixado pelos protestos do ano passado. E acredito ser essa realmente a nova forma de fazer política no BRASIL.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

"Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem - dizem!"

Ao andar por aí, é fácil se deparar com exemplos que "DEUS" é uma das palavras mais usadas hoje em dia. Quando não vemos o seu santo nome exposto nos carros: "Deus é fiel...é fácil"; "Dirigido por mim, guiado por Deus"...até a mais contraditória que afirma que "quando Deus quer é assim". Nesse aspecto pergunto e quando Deus não quer o que acontece? Também encontramos a palavras DEUS em fachadas dos mais diferentes lugares, daqueles mais simples aos mais estonteantes. Além disso, o nome do "Senhor" não pára de ser mencionado, quer seja no altar ou na esquina: não falta quem o evoque, seja por qual motivo for.
Diante disso, no mínimo era de se esperar que estivéssemos vivendo um momento único em nossa história, presenciando o fortalecimento da fé e a transformação dos ensinamentos divinos em práticas de vida em cada um de nós. Deveríamos, portanto, ser mais tolerantes, humildes, caridosos, mais humanos uns com os outros... pois, foi esse um dos principais ensinamentos de Cristo: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Marcos 12:30-31). 
Mas o que acontece é justamente o contrário!  A intolerância, o preconceito, o radicalismo, a violência pela violência - mata-se hoje pelos motivos mais banais - atestam o inverso do que se era de esperar, já que "DEUS" está tão em evidência.
Não são só as pessoas carolas, os evangélicos fervorosos, não, são todos. Do meu avô a um estudante pré-adolescente, todos e outros tantos se apressam em deixar claro que são crentes em Deus. E eu pergunto: e daí? O que isso prova? Nada!
Até informação básica de currículo o fato de ser católico, evangélico ou judeu... passou a ser utilizado, como se pertencer à tal religião ou denominação fosse, por si só, capaz de nos auferir uma melhor condição de assumir uma vaga de trabalho ou sermos merecedor dela.
Outro sinal desses novos tempos é considerar o fato de que participar de encontros de casais, de jovens, de retiros religiosos, de caminhadas, de frequentar igrejas ou templos, de andar com a bíblia à mostra para quem quiser ver, como sendo um diferencial. É como vestir uma roupa da melhor e mais cara "grife", algo que torna o seu usuário superior ao outro.  
Mas onde está o efeito disso tudo?!  O mundo dá impressão que piorou. 
Mesmo buscando uma explicação plausível para isso, não encontro, a não ser o que me diz que tudo não passa de modismo, de mera falácia. E isso vale para toda e qualquer religião.
Observo também que, em ambientes em que muito se fala em DEUS, é comum encontrarmos o que de pior existe na relação humana: a hipocrisia
A hipocrisia nas relações com seus pares, na justificativa da intervenção divina nas conquistas materiais, na utilização do texto sagrado para justificar o injustificável, na utilização de um rótulo de conversão, só para que se demonstre estar arrependido de uma mal que praticamos, entre outros modos de agir.
Daí fico imaginando como DEUS vê a sua criação agir do jeito que tem agido e, em razão disso, o quanto talvez ELE se mostre indignado com o que vê.  
Diante disso, questiono como admitir que aquele, que atribui à vontade do CRIADOR tudo que faz, aja de forma leviana, querendo prejudicar, explorar, enganar os seus semelhantes!
Querer dar um conselho às pessoas que se dizem tementes a DEUS para seguir seus ensinamentos, torna-se um abuso de minha parte. Contudo, perceber que há algo de errado entre o discurso e a ação dos que se dizem parte dos que serão arrebatados é, no mínimo, o que se pode fazer diante de uma hipocrisia de igual tamanho. Por isso, quando vejo algo ou ouço alguém falar em "nome" de DEUS, o que me vem é uma quase que total desconfiança.
Em um quadro como esse, aquele jargão que insinua que apesar de "eu acreditar na existência de um deus, não pertenço a nenhuma religião", em parte, é até justificável. 
As religiões,as denominações, deveriam perceber que seus representantes não são donos das palavras nem da verdade. Daí ser inadmissível o comportamento xiita de certos líderes religiosos que, com seus discursos coléricos alienantes, transformam seus seguidores em meros fanáticos capazes de fazer qualquer coisa "em nome da "fé". Aí eu pergunto: fé em quê? em DEUS? Duvido!
Por essa razão, não seria nenhum absurdo rogar a DEUS, pedindo para que ELE nos perdoe, pois não sabemos o que dizemos, mesmo que devêssemos saber.
Acredito que qualquer religião ou denominação nunca foi nem jamais será superior a DEUS, pois ELE é ação e não mera palavras registradas em um livro. 
Por fim só me cabe pedir perdão, Senhor, em meu nome e no de todos que se sentirem, de alguma forma, incapazes de transformar o que falamos e seus ensinamentos em ações concretas que nos façam deixar de ser hipócritas! 

terça-feira, 1 de julho de 2014

Desatino

Olho para o relógio e vejo que já passa de uma da madrugada e eu sentado à mesa, sozinho - todos já foram dormir -, meio perdido, tentando encontrar uma solução para meus anseios, sem que nada venha à mente. Penso em escrever, porém os pensamentos que se transformarão em palavras estão desconexos. Talvez reflitam meu estado de espírito.
Abro a página do "Desassossego" - já que o criei para isso -, penso em escrever sobre o que vier na "cabeça", sem a preocupação de me fazer ouvir por quem quer que seja, basta que eu mesmo me veja estampado em meio às palavras.
Mas por que estou assim? Imagino que seja pelo fato de estar cansado, não fisicamente, mas cansado da luta cotidiana, sempre os mesmos desafios, com os mesmos obstáculos... Tem hora que cansa e você sente vontade de "chutar o pau da barraca" e mandar tudo "pelos ares". E eu sou assim, não gosto de ver as coisas acontecendo, gosto de ser protagonista da minha própria vida. Não me dou bem com o papel de coadjuvante.
É possível que esteja próximo de tomar uma decisão, como sempre - para os outros - RADICAL. Para mim, radicalismo não é sinônimo de ser intempestivo, contudo é o mesmo que ser decidido, como se tem que ser em certos momentos da vida. Um passo para trás não me parece sinal de covardia, muito pelo contrário, é como se fosse preciso retroceder um pouco para ganhar impulso necessário para superar um obstáculo. Muitas vezes, é preciso coragem para se tomar decisões e isso nunca tem me faltado.
Nessas horas, em que parecemos sem norte, sem destino, o que é mais necessário é se tomar consciência das suas reais condições e a mim, quem mais conhece sou eu mesmo, para saber o que precisa ser feito.
Confusas, minhas palavras, não?! Acho que sim! É bem provável que não entenda o que elas querem expressar, mas eu sei muito bem o quero dizer através delas.
Existem certas situações em que precisamos nos dar um tempo para podermos decidir o que fazer. Tomar uma atitude nunca é algo fácil, pois muitas vezes o que vamos fazer incorre em um desafio e, nem todos eles, são fáceis, muitos nos cobram um preço alto.
Quem não é acostumado a gerir sua própria vida, normalmente espera que as coisas se acertem por elas mesmas. Os que tem coragem tomam as rédeas do seu próprio destino, põem a "faca entre os dentes" e "encaram qualquer parada". Não é algo fácil, mas às vezes é necessário!
Enigmático o que digo? Creio que sim. Então, por que não vou ao cerne da questão e deixo tudo às claras? Porque não foi com essa intenção que decidi escrever. Ora, se não para isso, foi para quê? Para mostrar para mim e para quem tiver a disposição de ler meu "desatino", que muitas vezes - ou na maioria delas - a razão de um texto é o próprio texto!!!
Como assim?! O texto fala por si mesmo, se ele não explicita o que de fato sentimos, é porque ele fala pelas entrelinhas ou o sentido dele está na forma como ele foi composto. Ou seja, a falta de clareza do que é exposto pelas palavras é o retrato do momento de quem as escreve. Entendeu?! Ainda não?! Muitas vezes o que mais importar é dizer o que sentimos - certo?! - e não, necessariamente, de nos fazer entender.
Sendo essa a sua essência, o mesmo serviu ao seu propósito.
Sacou?! Não?! Deixa para lá, esquece!  

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Desassossego II

Estou a me perguntar o que me aflige, o que tem me deixado desassossegado. Aí, como respostas, me vêm as mais diversas explicações, fazendo-me perceber que não é uma parte que me incomoda,mas um todo. Um todo? Como assim, pergunto-me?! Nesse momento, começo a mergulhar em uma série de reflexões que, mais do que me responder, deixam-me ainda mais inquieto. Talvez por isso é que a resposta para meu desassossego, sejam os próprios motivos que me levam a ele.
Por acaso uma dessas inquietações é a incerteza do futuro. Não estou bem tranquilo com que vem por aí, embora não tenha como prever o que irá acontecer. No entanto, é o que vejo agora que deixa minha visão anuviada. Não que o pessimismo tome conta de meus sentimentos, porém - se é que posso dizer assim - é a falta de esperança no que se anuncia que me atormenta e também aquilo que vejo no semblante do outro.
Nesse contexto, a luz, o saber, que deveria guiar nossos passos, aparentemente, tem perdido espaço para a ignorância. E por ter consciência desse processo de perda da capacidade de enxergar as coisas como elas são, angustio-me por me sentir impotente diante desse quadro. 
Não é que não tenha feito algo contra essa alienação, muito pelo contrário, porém são as respostas aos meus esforços e que fazem esvair a minha esperança. 
O que tenho percebido nas colocações, nas palavras dos que me cercam e dos que observo à distância, é que parecem pertencer a um só discurso. Só que esse discurso segue um mesmo roteiro, construído, aparentemente, no inconsciente das pessoas de modo que as deixam incapazes de enxergar a realidade como ela é. Pior, no entanto, é  ver que isso se solidifica cada vez mais no íntimo da maioria das pessoas.
A reflexão, que deveria nortear as decisões a serem tomadas, é trocada por colocações vazias, sem nexo, desprovidas de sentido. Parece que, de uma hora para outra, alguém ligou o botão da insensatez e as pessoas começaram a agir como marionetes, sem perceber o que estão fazendo ou para onde estão indo.
Só que há um detalhe sórdido nisso tudo: muitos não sabem para onde vão, contudo quem os conduz sabe muito bem aonde quer  que eles cheguem.
No mundo, na vida, cada um de nós faz parte de um só mecanismo tão interligado que a ação de um interfere na mesma proporção na vida do outro. Tenho consciência que na vida em sociedade prevalece, normalmente, a vontade da maioria. É nesse ponto que se encontra o cerne do problema.
Não é possível para alguém, que enxerga o que está por trás das aparências, ficar inerte, ao ver as pessoas sendo levadas a um abismo sem fim. Elas, durante essa caminhada, não conseguem ouvir o apelo para que acordem, enquanto há tempo de evitar o desfecho anunciado.
por essa razão, é possível afirmar que inúmeras vezes as respostas são obtidas a partir de nossos próprios questionamentos. A minha angústia se encontra, portanto, em não conseguir encontrar uma forma de tentar reverter a situação prevista. A impotência, nessas horas, é o pior dos sentimentos!
Não acredito, porém, em soluções que surgem do nada, essa ilusão já perdi. Tenho hoje a maturidade de compreender que muitas vezes ser a voz dissonante em meio a uma multidão não consiga se fazer ouvir; mas, por outro lado, não aumenta a intensidade de um coro uníssono.  Isso talvez seja o que me consola!

terça-feira, 10 de junho de 2014

Conchavo - um mal das relações humanas

Há quem não concorde com ideia de que a maior dificuldade de se viver hoje em dia - senão sempre - são as relações humanas. Para os que discordam, o que é perfeitamente normal, aponto que a facilidade ou dificuldade de viver estão proporcionalmente ligadas às relações que conseguimos estabelecer com nossos pares, quer seja no âmbito pessoal, quer seja no profissional. E é nesse ponto que vem, para mim, o cerne do problema: as pessoas constroem suas relações de acordo com os "conchavos" que conseguem estabelecer com os grupos sociais a que pertencem.
Viver em sociedade não é algo fácil, as dificuldades são inúmeras. Assim, para muitos, se se pode minimizar tais atropelos, obstáculos, fazendo acordos e concessões, por que não os fazer? As causas justificam os meios maquiavélicos que usamos para alcançar o que queremos. Para muitos, isso é um fato!
No entanto, quando esses acordos em forma de conchavos são feitos, cria-se aí uma relação de interdependência entre as partes, sendo que um tem o outro nas "mãos", para quando for necessário, cobrar-lhe a fatura. Nesse caso o limite, se é que ele existe, passa a ser um espécie de "valor" pelo qual, muitas vezes, pode ser mensurado o caráter de alguém. Dependendo do nível do acordo fechado entre as partes, é possível se avaliar isso como sendo o preço pelo qual uma pessoa aceita sujeitar-se a determinadas situações. 
Infelizmente, em nosso cotidiano, isso é comum. E quando você não se encaixa nesse jogo, passa a ser visto como alguém "perigoso", pois as partes que fizeram o acordo entre si não podem titubear, uma vez que as suas ações podem ser percebidas por quem não faz parte de seu "time". Fica-se estabelecido, então, que é preciso isolá-lo, senão eliminá-lo, sem exageros é lógico.
Ceder a esse conchavo é o mesmo que se vender, uma vez que sempre haverá uma fatura em aberto entre você e seu cúmplice.  Cúmplice sim, porque muitas vezes esses conchavos são para encobrir algo que não é o mais correto a ser feito. Há uma troca de favores, de vantagens entre as partes.
O conchavo também é usado por alguns, que não conseguem obter respeito ou liderança de seus subordinados de forma natural, como uma forma de estabelecer uma hierarquia, de poder sobre os mesmos. Daí se questionar o valor da liderança que se estabeleceu com sua "equipe"!
Aceitar fazer parte desse acordo entre cavalheiros, não deixa de ser uma perda da liberdade, da autonomia de agir de acordo com os seus princípios, com a sua ética. Esses conchavos além de serem uma forma de corromper o outro, não deixam de ser relações superficiais que, de uma hora para outra, podem ruir. E nesse momento quem tem mais a perder é quem é mais frágil, quem temos menos poder de barganha.
A dignidade de uma pessoa deveria ser algo imensurável, não aceitar participar desse jogo deveria ser visto como uma virtude. Contudo, na sociedade em que vivemos hoje, muitos alegam que é tolice, quando não motivo de menosprezo por desprezarem  o nível do caráter de quem se opõe a isso.
Além do mais, não participar de conchavos é primar pela liberdade de exigir o que lhe cabe por direito, de não se sujeitar a certas situações. E é por essa liberdade que nos têm por PERIGOSOS, por não nos terem de mãos atadas aos seus ditames e isso não pode acontecer com quem nos quer manter subjugados.

O meu caráter, minha liberdade, minha consciência NÃO TEM PREÇO. E espero que saibam disso!
    

O Complexo de Vira- Lata

Acabei de assistir ao Observatório da Imprensa, com Alberto Dines, abordando o tema Copa do mundo no Brasil. Da edição de hoje, participaram correspondentes estrangeiros que trabalham no Brasil, como o inglês Tim Vickery, o italiano Emiliano Guanella e o alemão Ralf Itzel. O programa buscava identificar a visão dos outros países acerca da organização e realização da copa aqui no Brasil. Desde o início, Dines colocou em análise (para não dizer dúvida) a nossa capacidade de realizar um evento como esse de forma positiva.
Com o ar professoral, cada um dos entrevistados pontuou as falhas de planejamento na execução das obras "para" a copa e, principalmente, o fato de que o brasileiro deixa tudo para a última hora e que faz do "improviso" uma de suas virtudes. Disseram também que, durante os jogos, ocorreriam intempéries - o que seria bastante interessante(?!) - e que, possivelmente, aconteceriam atrasos no início das  partidas, o que não deixaria de ser uma coisa normal para nós brasileiros, que já temos isso incorporado ao nosso espectro.
Ouvi, no entanto, uma observação positiva sobre o evento. O jornalista italiano, Guanella, afirmou que a copa era uma forma de apresentar o Brasil ao mundo, fazendo com que se conheça melhor o nosso país e nossas potencialidades, tanto em aspectos turísticos como também em outras áreas de nossa economia. Isso é uma verdade que muitos ignoram por questões meramente mesquinhas de pura politicagem.
entretanto, o que mais me chamou a atenção durante o programa foi ver Dines atuar como um mero e servil mediador, tendo o cuidado de sempre nos deixar em relação de desvantagem em relação às outras nações. Se o comportamento dele não fosse de quem compactuasse com a condição de inferioridade diante dos outros, seria, sem dúvida, uma postura política partidária de sua parte, transformando a edição do Observatório da Imprensa em espaço eleitoral para a oposição ao governo  federal. Seja qual for o motivo do comportamento do experiente jornalista brasileiro, o mesmo foi de uma infelicidade desnecessária e que em nada contribuiu para o debate a que se propunha, inicialmente, o programa.

Diante do exposto, é bom inicialmente que tenhamos a consciência de que não somos mais uma "colônia' e que não devemos, portanto, ter uma postura de servidão diante de outros povos. E, sendo assim, somos nós que devemos dar as cartas em situações como essa e não nos postar como mero ouvintes ou simplesmente fazendo coro com o que os outros falam de nós. O BRASIL é grande demais para esse desprezível papel. Além do mais, o momento que vivemos nos permite olhar de cabeça erguida, principalmente, para alguma nações europeias, como a Itália, que está mergulhada em uma grave crise sócio-econômica e também política.
Tampouco cabe a nós o papel de vermos pessoas a analisar como donos da verdade em questões que envolvem, por exemplo, as manifestações como as do ano passado. Não cabe a eles apontar se são ou não justas as reivindicações feitas nas passeatas e nem por quais motivos elas se deram. Em temas locais e bem mais complexos do que se imagina, não se pode fazer apreciações de valor a respeito do mesmos, sem se ter conhecimento de causa para tratar do assunto. Caso contrário seria legítimo questionarmos o custo dos Jogos Olímpicos de Londres 2012, que foram 252% a mais do que se calculou para o evento, ultrapassando em cerca US$ 6,6 de dólares (mais ou menos R$ 13 bilhões de reais)* esse valor inicialmente previsto.
Além disso, já adquirimos maturidade e condições econômicas necessárias para deixarmos de ser subservientes às determinações de nações estrangeiras ou de organismos internacionais. O Brasil não é a Grécia, com todo o respeito que merecem os gregos, principalmente o farmacêutico aposentado Dimitris Christoulas, que se suicidou diante do parlamento em Atenas com um tiro na cabeça. A situação que levou a esse fatídico desfecho foi ocasionado pelo severo pacote econômico imposto pelo FMI e, de sobremaneira, pela primeira-ministra alemã Angela Merkel, como condição básica para que a Grécia recebesse ajuda financeira a fim de poder enfrentar a crise econômica em que o país estava (e ainda está) mergulhado.

O Brasil mudou, queiram ou não queiram, não nos sujeitamos mais a ouvir sermão de presidente americano e ficarmos de cabeça baixa, como ocorreu em 1999 (https://www.youtube.com/watch?v=MeAOen8vyiQ), por estarmos, naquela época,  de pires na mão, justificando-nos por nosso fracasso econômico fruto da incompetência de gestão do governo brasileiro daqueles tempos.

A copa começa depois de amanhã e com ela, segundo os entrevistados por Dines, chega ao fim uma era da  realização de grandes eventos como esse, pois não se admite mais que uma entidade como a Fifa, envolvida em escândalos de corrupção e de desvio de dinheiro - que o diga o brasileiro Havelange e seu querido genro Ricardo Teixeira -, bem como o COI apareçam como organismos supremos, ditatoriais e donos de eventos que não deveriam pertencer a uma entidade privada que só visa a lucros, mas sim a uma comunidade internacional, já que não deixa de ser um encontro de nações, o que é muito mais importante do que um simples torneio esportivo. 
Por fim somos nós que devemos dar um merecido chute no traseiro de um reles dirigente da fifa, como o senhor Jerome Valcke, mostrando a ele quem de fato são os brasileiros e quem na verdade manda nesse país.

Aos que sofrem do "complexo de vira-lata",só resta indicar apenas uma coisa: o divã de um psicanalista! 

Salve, salve Brasil!

*http://www.brasil247.com/pt/247/Olimpicos/72091/Duas-vezes-mais-cara-come%C3%A7a-a-Olimp%C3%ADada-de-Londres-menos-2-vezes-mais-cara-come%C3%A7a-Londres-2012.htm

terça-feira, 13 de maio de 2014

Um legado que não pode ser ignorado


A vocês que são jovens, que não viveram de forma efetiva os anos de dificuldades pelos quais passaram as pessoas da minha geração, talvez não tenham noção do que era o Brasil antes dos governos de Lula e agora Dilma. Hoje vocês, como meu filho, têm condições de se preparar para o futuro de uma forma muito mais promissora do que nós tivemos. Acordem para isso! Dificuldades e problemas existem e é normal que existam, pois não há uma sociedade perfeita; porém, para esses males, provar de um remédio que já se mostrou ineficaz seria um tremendo erro. Veja o neoliberalismo fez com a economia mundial? Vejam os países europeus que se curvaram aos ditames do FMI, como eles se encontram? Não se iludam com o ideal de vida estadunidense, pois só eles se beneficiam da exploração das outras nações!
Meu discurso é político sim, porque tomo posições e luto pelo que acredito. Não caiam na armadilha daqueles que se dizem apolíticos. Isso, por si só, já é um posicionamento político. Não considere a corrupção, por exemplo, como um problema apenas referente à classe política. É um erro e uma posição perigosa, uma vez que se abre uma lacuna para que um novo (ou velho?) regime se instaure no país! Peço a vocês, que herdarão os frutos da luta de muitos e muitos anos, que conheçam a história dessa árdua caminhada, daí poderão ter noção do quanto já avançamos e poderemos avançar ainda mais com essa nova geração. Não percam o rumo, sigam em frente. Acreditando em seus ideais, desejo toda sorte a essa juventude que busca ainda um norte para suas vidas! BOA SORTE e contem com os coroas aqui!

http://www.youtube.com/watch?v=c2GDQYO2xbg

sábado, 3 de maio de 2014

Saudades



“Eu devia ter...”


Normalmente, o final do ano já nos sugere por si só um momento de reflexão sobre tudo o que vivemos ao longo do período que se encerra, o que se acentua quando além de um novo ano, aproxima-se também um início de uma nova fase de nossas vidas. Por coincidência estou vivendo essa situação, o que me faz ficar, de certa forma, introspectivo, senão reflexivo.
A vida me ensinou, porém, que em seu ciclo normal, coisas acabam para que outras se iniciem. Difícil de aceitar, no entanto, é abrir mão de algo que gostaríamos ter sempre conosco o que, infelizmente, se opõe ao ritmo natural das coisas.
O que resta então é guardar no nosso baú de memórias aquilo que nos parece ser mais valioso: as nossas lembranças. Dentre aquilo que irei guardar com cuidado, o mais importante será, sem dúvida, os momentos que vivi ao lado das pessoas por quem tive e tenho tanto carinho. Momentos esses que foram de alegria, em sua grande maioria. Mas também houve aqueles de cobranças, de broncas, afinal quem gosta também exige, cobra, repreende quando necessário. Saibam também que na vida, em alguns momentos, temos que exercer papéis e um deles é o de orientar, transmitir os conhecimentos que imaginamos possuir, daí em certas horas, termos que ser aquele que cobra e não o que afaga. No entanto, fiquem certos que muito também aprendi com vocês, até cheguei a sentir vontade de voltar à minha adolescência, para poder, de uma forma mais direta, participar desse mundo de vocês, no qual, algumas vezes, senti-me intruso.
Também em minhas lembranças, estará o momento em que, diante de todos, eu me despi da áurea de uma fortaleza inexpugnável. Foi nessa hora que consegui fazer com que me vissem como alguém igual a vocês e isso, acreditem, não me fez sentir enfraquecido, pelo contrário, fortaleceu-me pela sinceridade daquele momento.
Agora, para minha tristeza, vem-me a certeza de que, ao fim desse ciclo, não seremos mais os mesmos, não teremos mais, num convívio quase que diário, a oportunidade de nos conhecermos melhor, de estreitarmos nossos laços. Os rumos de nossas vidas serão distintos, as direções as mais variadas, no entanto, quem sabe, por um capricho do destino, nossas linhas da vida não se cruzam novamente.
Não sei se é um adeus ou um até logo, porém com certeza é o momento de dizer a vocês, que para mim, valeu a pena, que o que foi gravado no disco-rígido da memória não será jamais apagado, nem quando, pela idade, as lembranças demorarem a ser avivadas. Por isso, não levo lamentos desse momento, mas a consciência de ter tentado fazer o que de melhor podia ser feito, entretanto limites todos têm, e eu tenho os meus. Um abraço e adeus... ou quem sabe um até breve! Boa sorte na nova caminhada.


Professor Marcelo Macêdo



P.S.:  Essa foi uma singela homenagem a uma turma que me deixou imensas saudades, mas com a certeza de poder dizer o quanto valeram aqueles momentos que passamos juntos. Fico muito agradecido a vocês pela oportunidade e a honra de ter sido um de seus professores. Obrigado! 

domingo, 27 de abril de 2014

A teoria do medo

O prazer de ler nos dá oportunidade de descobrir, às vezes em um simples momento, algo que nos é de grande valia. Só que ler é uma questão de atitude, não podemos esperar que os prazeres e saberes proporcionados por ela venham até nós, é preciso buscá-los onde quer que estejam. E foi em um desses momentos de procura pelo saber, que me deparei com um texto que me fez sentir a necessidade de refletir sobre algo peculiar: em que consiste o ato da fé. 
Nesse texto, o autor fazia uma análise de sua vida. Dizia que havia sido, por um tempo, um homem ligado ao crime, tendo sido inclusive preso por isso. Contava que, quando criança, era levado por sua madrasta praticamente "arrastado" à igreja. E ao chegar lá, ouvia o pastor falar apenas de pecado e do inferno. Isso o fazia viver tomado pelo medo, sentindo-se tolhido pelo pavor do inferno e pela ideia do pecado. Confessa, ainda o autor, que se sentia incomodado por uma voz interior que o acusava de ser sempre "um pecador". Isso o deixava desnorteado e sem condições de combater essa ideia fixa de que estaria fazendo algo de errado.
Mais adiante em seu texto, ele dizia que "quando se incute na criança a ideia de que o homem é pecador, a sua vida fica arruinada", tendo sido essa a razão principal de tê-lo levado ao mundo do crime. O mesmo concluiu que, depois de algum tempo, ao descobrir algo que o levou a ter fé: "somente quando conheci realmente o amor de Deus, compreendi que o amor destrói conceitos errôneos; compreendi que o amor perfeito elimina todo e qualquer medo". 
Diante do que li,comecei a refletir sobre que imagem de Deus nos é passada desde de pequenos. Lembrei-me de quantas e quantas pessoas me disseram que era errado fazer determinadas coisas, porque era pecado e pecando "Papai do Céu" iria me castigar. No entanto, não consegui recordar por que determinadas coisas que eu fazia eram erradas, sendo dignas de castigo divino. 
Percebi, então, que a imagem passada para "meninos pueris", que fomos um dia, era de um Deus que pune o pecador e não o que lhe perdoa. E que nós, devido aos nossos erros - pecados -, não éramos dignos do paraíso. Queriam nos impor o MEDO a Deus, não o respeito e, muito menos, a fé. Não é por apreensão que devemos fazer o bem ao outro, mas por amor ou até mesmo por compaixão.
No entanto, com base no que me atrevo chamar de a "teoria do pecado" (do pecador), cheguei à conclusão de que o MEDO é uma das formas mais eficazes de se controlar alguém. Uma vez que é muito mais simples dizer o que é errado e o que isso pode trazer-lhe de punição, do que lhe dar autonomia de refletir sobre o que é correto ou não, dando ao outro o direito de decidir o que fazer. 
É certo também que a autonomia incomoda àqueles que sentem receio de ver seu "PODER" questionado, suas palavras postas em dúvida. E essa situação faz parte do cotidiano em todas as esferas de nossas vidas, sejam âmbito profissional ou pessoal.
Sem querer entrar no mérito da discussão do livre-arbítrio do qual o homem seria ou não detentor, considero que uma decisão consciente é muito mais valiosa do que agir por imposição. Às vezes, relações estabelecidas com base no temor pelo outro, quando isso se dissipa, as mesmas chegam ao fim. 
Por essa razão, crendo na imensa sabedoria divina, não acredito que Deus desejasse estabelecer uma relação de temor com o homem para obter dele o amor, a fé.
Talvez, se fôssemos nós seres mais conscientes e superiores, conseguíssemos viver segundo o preceito anárquico - segundo o qual  a sociedade seria baseada na liberdade dos indivíduos, na solidariedade (apoio mútuo), na coexistência harmoniosa, da propriedade coletiva, da autodisciplina,da responsabilidade (individual e coletiva) e forma de governo baseada na autogestão. E aí sim, sem a imposição pelo medo, quem sabe se não seríamos capazes ter uma FÉ mais consistente e verdadeira do que alguns dizem ter, o que na verdade não passa apenas de falácia ou de modismo.
Seria isso uma UTOPIA?! 
  

  


sábado, 19 de abril de 2014

Que bom seria que todos os filhos fossem especiais!

O simples fato de ter um filho já é algo especial, porém maior é a felicidade quando temos o nosso filho como "especial". Tê-lo nos braços, segurar-lhe a mão nos primeiros passos cambaleantes, estar por perto para ouvir suas primeiras palavras, mesmo que não seja "papai", é algo que por lhe trazer momentos únicos, por si só já os tornam especiais. Por que, então, o medo de ter um filho especial? Isso deveria ser motivo de júbilo e não de prostramento.
Se o pai de Bernardo o tivesse como especial, será que o garoto não estaria vivo agora? Imagino que sim. Porém a culpa não foi do menino e sim do pai que não foi capaz de enxergá-lo de um jeito especial.  
Então, em que consiste o problema de ser pai de um filho especial? Não consigo entender! Contudo suponho que o problema está nos outros que não tiveram a sorte de ser especiais para seus pais ou  não obtiveram a dádiva de ter um filho especial.
Especial, por outro lado, não deve ser um rótulo, uma forma de identificar o diferente; afinal, diferente todos nós somos. Especial é um estado, é uma atribuição que deve partir do sentimento que temos por nossos filhos. Especial não pode motivar compaixão nos outros. O que é especial é motivo de alegria, pois é um sentimento único, nobre, não razão para lamentações.
Perceba que quando temos um filho por especial, somos capazes de percebê-lo entre muitos outros. Se fosse o contrário, teríamos dificuldade de encontrá-lo entre as demais crianças, pessoas, porque não veríamos nele algo que o tornasse distinto entre os demais.
Muitas vezes, infelizmente, vemos nos olhos dos outros um olhar especial para nossos filhos. Mas não é aquele olhar de satisfação e sim de compaixão! Compaixão de quê? De quem? Esse olhar de lamentação deveriam ter essas pessoas ao se verem no espelho, já que seriam elas merecedoras de "piedade" por não serem capazes de ver algo especial em seus filhos.
Em alguns infelizes, a falta da capacidade de compreender o que torna um filho especial para alguém, toma a forma de preconceito, o que é... compreensível uma vez que estes jamais serão capazes de enxergar além do que veem. Aí o preconceito se torna uma venda, embrutecendo-os, tornando-os uns desafortunados. E eles, sim, merecendo toda a nossa compaixão. 
Ter a oportunidade de ver um filho de forma especial é algo que nem todos terão. Daí eles nunca descobrirão a felicidade que se sente em cada pequena conquista, nas mais simples das ações, nos mínimos passos que se dá para seguir em frente vivendo em meio a uma sociedade que, lamentavelmente, não se tem mostrado em nada especial.
Por fim, só posso agradecer a Deus por me fazer pai de dois filhos especiais, independentemente, daquilo que os outros não enxerguem de especial neles. 
Sinceramente, muito obrigado!

O caso da apreensão do HELICOCA

O Diário Centro do Mundo vem acompanhando de perto o caso da apreensão dos 500 quilos de cocaína no helicóptero dos Perrelas, no Espírito Santo. O trabalho investigativo feito pelo repórter Joaquim de Carvalho mostra como tem-se dado a condução do processo de investigação do caso. Diante do que foi apurado por Joaquim, fica claro que há algo, no mínimo, inusitado em torno dessa história e que, certamente, muita água ainda rolará por baixo dessa ponte.
Juntando-se a esse, inúmeros outros fatos, como os que envolvem Carlinhos Cachoeira e o ex-senado Demóstenes Torres, a forma de condução da Ação Penal 470 em comparação com o Mensalão Tucano, as peculiaridades do caso envolvendo o metrô de São paulo... entre outros, mostra uma face nada positiva da justiça brasileira.
Devemos, portanto, estar atentos a tudo que acontece nos bastidores desse país, para que possamos deixar de ser ludibriados. Recomendo nesse snetido que acompanhemos o DCM nessa empreitada.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/

sexta-feira, 18 de abril de 2014

O que é corrupção? Ou o que é ser corrupto?

Corrupção sinônimo de político mau caráter, algo circunscrito à política. Seria bom que assim o fosse, pois seria mais fácil combatê-la. Mas se corrupção é o efeito, qual seria a causa senão a existência de um CORRUPTOR?! Não há corrupção sem que haja quem corrompa. Eis o problema!
E o grau de corrupção de alguém se mede pelo valor em dinheiro pelo qual ele se deixou vender? A corrupção ao certo também não é uma simples questão de valores. Ledo engano nosso pensar que é assim, as coisas não são tão simples quanto aparentam.
Começo a imaginar o que aconteceria se alguém me parasse no trânsito por eu ter cometido uma infração, atribuindo-me uma multa, o que deveria fazer? Para alguns, é lógico, negociar, afinal para tudo se tem uma solução, para não dizer um jeitinho. Em outro momento, imagino se na escola, na hora da famigerada prova de matemática (ou de português), alguém solicitar uma ajuda de um colega ou, então, dar-lhe uma das resposta da avaliação, também não representaria algo de errado?! Não, diriam os pais diante dos professores: "meu filho não fez isso por maldade, mas por inocência, afinal isso é comum, não é professor? Afinal o senhor nunca colou durante uma prova?!"
Diante de situações como essas presentes em nosso cotidiano, faço-me um questionamento - o que é um delito então? Colar numa prova, oferecer uma "graninha" a um guarda de trânsito é uma infração ou faz parte da cultura brasileira?! Muitos não conseguem relacionar fatos do dia a dia ao que acontece nas assembleias, nas câmaras, no senado... uma vez que em suas dimensões isso não tenha comparação.
Por outro lado, fugindo da definição do que seria corrupção, levanto uma outra questão: existe corrupção sem corruptor? Creio que não, dessa forma qual dos dois tem mais culpa no "cartório"? Os dois, ora!!!
Diante disso, alguns, considerando que corruptos e políticos são a mesma coisa, e sem noção da realidade do que é uma democracia, pregam o fim dos partidos políticos, por acharem que são eles os principais culpados por essa mazela do Brasil. Tolos, digo eu, não são as instituições que fazem as pessoas, são as pessoas que as produzem. O partido é o meio, as pessoas são os agentes.
Se aceitarmos a ideia - a meu ver correta - que a corrupção não é um mal só da política, não é com o fim da representação democrática do povo que nos livraremos do problema. Acredito que isso seja uma questão de cultura, de educação e que começa em casa. A família deve ser o ponto de partida para a mudança do que vemos hoje.
No bojo familiar, um pai (ou mãe!!!) não pode ser incentivador de práticas contrárias a legalidade das coisas e muito menos serem quem acoberta os erros de seus filhos. Até a mais simples das mentiras deve ser evitada, uma vez que a personalidade de um indivíduo se constrói na relação com seus pares. Os membros da família são os mais próximos dos adultos em formação, daí um cuidado maior em questões como essa. Considero que amar é ser tolerante, só que amor não é sinônimo de tolerância a tudo e a qualquer coisa, sempre haverá o limite entre o certo e o errado.
Assim, em meio a protestos contra a corrupção, deveríamos ter um senso de responsabilidade de averiguar se também não somos de alguma forma corruptos, nem que seja em nome do nosso, infelizmente incorporado por muitos, famigerado "jeitinho brasileiro".
A luta contra a corrupção passa a ser não somente uma simples questão de bandeira a ser erguida, porque essa batalha é muito mais uma questão de mudança de atitude, devendo começar a partir do próprio indivíduo que protesta contra ela.
Seria, então, em meio a uma sociedade tão materialista (consumista) quanto a nossa, pensar no fim desse mal como sendo uma utopia? Quem saberia responder?!

Marcelo Macêdo